sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Casal Raupp oficializa maior convênio da historia de Rolim de Moura


A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Rolim de Moura reunião extraordinária para as 09hs00 deste sábado, 26. O senador Valdir Raupp, vice-presidente nacional do PMDB e a deputada federal Marinha Raupp estarão presentes;

João Rossi Júnior, presidente do Legislativo, informou que na pauta estará um único Projeto de Lei. Será o que autoriza o Executivo a abrir suplementação de crédito orçamentário no valor de 15 milhões de reais, primeira parcela do convênio de quase 50 milhões de reais, destinados a obras de saneamento básico.

“É o maior aporte de recursos conveniados destinado ao município de Rolim de Moura em toda a sua história,” disse o vereador João Rossi, o Juninho, lembrando que o senador fez uso da sua emenda de bancada para beneficiar a cidade.

“Somados, os recursos trazidos pelo senador e pela deputada ao município talvez quintupliquem os 50 milhões”, apontou Rossi, para destacar que para a execução de uma única obra, esse é o maior da história.

Uma hora antes da sessão aberta ao público, p senador e a deputada serão recepcionados em reservado café da manhã, na sala de reuniões do gabinete da presidência do Legislativo.

Presentes estarão somente os vereadores e o prefeito Tião Serraia. A assessoria da presidência não divulgou a pauta do encontro reservado e tampouco a do prefeito.

Presume-se, entretanto, que serão focalizados assuntos como as recorrentes devoluções de recursos conveniados por causa de falhas técnicas da prefeitura e o sofrível desempenho de alguns secretários municipais.

Os vereadores exigem alterações no quadro de auxiliares do prefeito no mesmo tom usado pelo senador Raupp. O vice-presidente da Executiva Nacional do PMDB aconselhou o prefeito a exonerar secretários em recente entrevista concedida ao jornalista Dorly Schimer, no programa Rondônia Repórter.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Da realidade ao mundo encantado


     Tenho 35 anos e acredito realmente que na vida nada acontece por acaso, em tudo existe um propósito. Sempre tive uma certeza, nasci para ser mãe. Mas, nem tudo é como planejamos, às vezes traçamos um caminho e ao longo de seu percurso muitos obstáculos poderão nos deter, demorando um pouco mais para que nossos objetivos sejam concretizados.
     Final de 1998 senti sintomas de gravidez fizeram o teste e deu positivo eu e o meu marido, comemoramos muito, no entanto, em menos dois meses descobrimos que eu tinha um tipo de câncer que ao invés de formar um feto formou uma mola e metástases se espalharam pelo corpo, em 15 dias fiz duas curetagens, mas não adiantou tive que me submeter a varias sessões de quimioterapia foi um tratamento de quase 2 anos de muita dor e sofrimento, a impressão que eu tinha no hospital é que estava em um campo de concentração, e este não era uma ficção e sim uma realidade. Nesta época morávamos em Mato Grosso e o meu tratamento foi na Unicamp em Campinas, ficar longe da família era difícil, mas eu não tinha outra opção. Sempre me considerei forte e determinada e sabia que iria vencer a doença, pois ainda não tinha conquistado o maior sonho da minha vida. Enfim, esta etapa foi vencida. Viemos embora para Rondônia, pois, não tínhamos mais condições financeiras para permanecer onde estávamos. Durante o tratamento gastamos muito e neste meio tempo meu marido ficou desempregado. E é aqui que minha vida se transforma, em menos de 1 ano já estávamos trabalhando e já tínhamos comprado a nossa casa, mas ainda esperava que algo grandioso fosse acontecer comigo, Deus devia ter uma missão muito especial para mim e no dia 12 de março de 2004, um milagre aconteceu, além de tantos outros milagres que era minha vida, fiquei sabendo que uma mãe queria dar um filho para adoção, ele estava com 49 dias, fiquei eufórica e apavorada ao mesmo tempo, no fundo não concebia a idéia de alguém dar o próprio filho para alguém desconhecido, meu marido e eu fomos encontrá-la e ela estava com o bebê parecia surreal, chorei muito, conversei muito com ela até ter certeza que ela não iria mudar de idéia e no mesmo dia fizemos toda tramitação legal, encontramos um promotor que foi um anjo nos atendeu a noite, na mesma hora ficamos com a guarda provisória e levamos o bebê para casa. Hoje o meu filho está com quase 06 anos, agora sei o que é um mundo encantado, sei o que é viver de verdade, sei também que ser mãe é mágico é divino, cada dia eu tenho uma razão ainda mais forte para superar todas as dificuldades e esquecer que um dia achei que não fosse continuar viva, quando ele olha pra mim sei que Deus existe, pois só ele poderia me dar à vida pela segunda vez para que eu pudesse sentir o prazer de compartilhar a minha vida com uma pessoa tão especial como é o meu filho. Às vezes passo perto dele, ele me olha e diz “Ah! Mamãe como você é linda”! Neste momento eu me sinto muito linda mesmo e sinto também que muitas páginas ainda serão escritas em minha vida.


Cléo Santana

sábado, 20 de fevereiro de 2010

crônica

ARQUIVO DE MEMÓRIA “PAPAI NOEL” Lembrar mesmo, com detalhes, com aquela nitidez que reproduz sons e odores, pensei que não lembrava. Isso não queria dizer que todos os Natais da minha vida foram dias comuns. Nenhum deles foi dia comum, porque não existem dias comuns. A vida não tem reprise. Não dá para viver a mesma coisa duas vezes. Nem mesmo é possível reescrever a mesma frase no mesmo tom, na mesma emoção da original. Mas Natal é prá ser caprichosamente anormal. Por isso nós sempre programamos coisas que não fazemos rotineiramente. Teria que deixar lembranças vivas, completas. Procurei o “arquivo natalino” no banco de dados da minha memória anos atrás e não encontrei. E então passei a prestar mais atenção nas coisas que aconteciam nos Natais que se seguiram. Eu queria “organizar” um arquivo de lembranças natalinas. Só agora percebo que não é possível regular a intensidade das emoções, não existe painel de controle para agendar melancolia no outono e euforia no verão. Será que não vivi emoções relevantes em Natal algum da minha vida? Por isso é que não tenho nenhuma lembrança num padrão superprodução cinematográfica? Aqui e ali afloram lembranças singelas, rostos queridos, presentinhos comprados por meu pai e minha mãe à custa de esforço e de renúncia a bens mais úteis. Só agora conclui que certos arquivos de memórias precisam de motivação para ser abertos, como se fosse um código. Eu sempre tive memórias natalinas arquivadas, mas elas estavam ocultas atrás de outros arquivos. Nesse momento estou recuperando algumas; Foi num dia de Natal que travei conhecimento com o vaso sanitário. Nunca tinha visto um deles antes, sequer imaginava que existiam casas com privadas daquele jeito. Não me deram instruções claras. Acabei puxando a cordinha de descarga ainda sentado no vaso. Nunca esqueci aquele jato d’água fria atingindo traiçoeiramente a minha desprevenida bunda. Muito menos o barulho da água percorrendo, sob pressão, os canos escondidos na parede. O ruído que ouvi pela primeira vez naquele Natal é relativamente igual ao que a maioria dos vasos sanitários faz hoje em dia. Demorei algum tempo para me acostumar com aquilo. Tinha medo do barulho e por isso acionava a descarga de longe, de preferência usando o cabo de um rodo, sempre à mão na maioria dos banheiros das casas de gente simples. Lembro-me de uma véspera de Natal. E essa lembrança tem todos os sons, luzes, odores, frases e até o contato da mão de meu pai segurando a minha, enquanto caminhávamos pelas calçadas a avenida iluminada, no começo da noite véspera de Natal. Não me lembro quantos anos tinha, mas sei que a música que se destacava era o mesmo “dingobel” de hoje. Entramos numa loja chamada Casa das Noivas e só então papai me disse que estávamos ali pra comprar meu presente de Natal. Nós tínhamos passado por várias lojas de brinquedos e ele resolve entrar numa que vendia coisas para noivas? Meu pai cumprimentou o senhor Badé Turco, homem alto, gordo, de rosto enorme e bigode negro que se confundia com a pele escura. Era o dono da loja, todo mundo sabia disso, até as crianças. E todo moleque tinha medo dele, porque não permitia que a gente ficasse perambulando dentro da loja, olhando vitrines. Ninguém se importava com essa mania das crianças daquele bairro, mesmo o “seo” Badé. Só uma vez estive lá, junto com outros meninos. Fomos enxotados e eu nunca mais me atrevi a sequer passar na calçada. Num canto da loja cheia de véus e grinaldas havia bancas e prateleiras cheias de brinquedos. O brinquedo mais desejado pelos meninos naquele Natal era um revólver negro, de cabo branco, com cinturão e coldre. Também tinha o cinturão duplo, com duas armas de brinquedo. Esse sim era o máximo. E lá estavam eles, reluzentes, com um rolo de papel espoleta de brinde. A esperada liberação para que eu mesmo escolhesse o presente não veio e então tratei de sugerir o cinturão do Ringo. E foi então que papai me disse que jamais presentearia filho nenhum com qualquer tipo de arma. E ele mesmo apanhou um pequeno violão branco e vermelho, que podia receber afinação nas cordas de aço e emitir notas musicais verdadeiras. Sai da loja de cabeça baixa, com o violãozinho embrulhado debaixo do braço. Não era bem aquilo que eu queria, mas meu pai estava feliz. Ele cantarola a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga, de quem ele dizia ser amigo de infância, como um dia provou que era mesmo. Papai era um homem sisudo, pouco afeito a carícias e sorrisos. O máximo que se permitia era caminhar segurando a mão da gente. E aquela também foi a primeira vez que saíamos só nós dois. Paramos numa lanchonete, papai me deu uma Sodinha, tomou uma cerveja e quando retomamos a caminhada ele não segurava mais a minha mão. Agora a grande mãe de meu pai repousava na minha cabeça e seus dedos brincavam com meus cabelos. Ele me puxou para bem junto da perna, passou o outro braço por trás das costas e procurou o meu braço que estava espremido contra sua coxa. Era difícil caminhar abraçados daquele jeito esquisito e o entrelaçamento foi desfeito. Só fisicamente, porque nunca me esquecerei da ternura e do carinho externado por papai naquela véspera de Natal. Esqueci Ringo e o revólver de espoleta, me esforcei para aprender a tocar violão. Aprendi as posições, mas nunca tive ritmo. O importante é que nunca mais perdi a menor chance que tinha para acariciar os cabelos brancos de papai. E toda vez ele fingia estar incomodado com meus chamegos, mas nunca me ordenou que saísse de perto. Tenho, portanto, preciosa pasta no arquivo das lembranças natalinas. Foi naquela véspera de Natal que pude entender que as pessoas teem diferentes maneiras pra expressar amor e carinho. Meu pai fez isso maneira singela, quase envergonhada. Essa pasta está guardada no meu arquivo de memórias com o nome PAPAI NOEL."